25.3.12

Querido blogue,

pensei bastante antes de escrever este post. Também li muitas opiniões e vi muitos vídeos antes de consegui formar uma opinião sobre o que se passou a 22 de Março. E se ao princípio não consegui formar a minha opinião, depois de ver pessoas a ser agredidas indiscriminadamente pela polícia, neste momento tenho a certeza que a polícia errou e agiu de forma desproporcional.

A polícia está lá para controlar uma situação potencial perigosa, não para a tornar numa situação perigosa. Se é chato levar com pedras da calçada e cadeiras na cabeça? É. Se é chato chamarem-nos nomes e insultarem a nossa mãe? É. Mas é para isso que os polícias lá estão e que supostamente são treinados. Os treinos que eles fazem deveriam servir para os preparar para situações destas. Os polícias acima de todas as outras pessoas têm de ter nervos de aço. Não pode haver polícias nervosinhos nem medrosos. E o que eu acho é que a maioria dos polícias são medrosos. Têm medo, sacam da arma e usam da posição de força que têm por dá cá aquela palha. Eu vi vídeos em que senhoras que podiam perfeitamente ser a minha mãe foram empurradas e atiradas ao chão. E não há justificação que possam dar que justifique uma atitude dessas por parte da polícia que devia estar lá para proteger essa senhora dos manifestantes conflituosos e agressivos.

Felizmente, ao longo da minha vida, nunca precisei de recorrer à ajuda da polícia e quando precisar espero sinceramente que eles estejam lá para fazer o seu trabalho. Infelizmente, as poucas experiências que tive até ao dia de hoje não me inspiram confiança nenhuma nos agentes da autoridade. Os poucos que conheço posso garantir que são umas bestas e os que tive o prazer de me cruzar não foram muito melhores. Irrita-me aquela prepotência e arrogância.

Uma vez assaltaram-me o carro no chiado. A polícia andava por perto e ao solicitar a ajuda deles, mandaram-nos apresentar queixa na esquadra mais próxima. Mas afinal para que é que eles estavam a ali? Não podiam fazer logo o registo da ocorrência, não teria muito mais lógica, visto que eles estavam no local, fazê-lo ali? Claro que acabei por não apresentar queixa. Contra quem? Dificilmente iria recuperar o material roubado. E ainda assim o que recuperei, foi porque andei à procura pela zona próxima de onde tinha ocorrido o assalto. Felizmente que os assaltantes abandonaram muita coisa.

Recentemente fui ao bairro alto, ali para os lados da rua da atalaia. Cansada que já estava e enquanto uns foram buscar bebidas e outros ao wc, sentei-me no passeio junto a uma casa de azulejos. Nem 5 minutos lá estive porque veio um polícia avisar-me que não podia estar ali sentada no passeio porque aquilo era uma esquadra de polícia e tinha uma câmara, aparentemente estava a aparecer nas imagens de videovigilância. Levantei-me e ainda pedi desculpa. Ainda assim ficámos por ali encostados a falar e a gozar com a situação, pois a tal casa que supostamente era uma esquadra dizia na fachada: Empresa Nacional de Culinária. Achámos que estávamos a ser gozados pelo polícia. O tempo foi passando e eu acabei por encostar a sola do pé à parede da tal esquadra, logo veio o  polícia a correr a dizer-me para tirar o pé da parede. Deu-me vontade de lhe dizer: "A sério? Não tem mais nada para fazer? Com tanto traficante de droga por essa rua abaixo, a polícia está preocupada se eu me sento no passeio ou se ponho o pé na parede? A sério? E ir prender uns traficantes? Ah isso não, porque dá trabalho!". Desta vez já não pedi desculpa, tirei o pé da parede e achei tudo aquilo muito ridículo. Mas há mais. Tudo bem, que nada disto é grave, mas tudo isto são coisas que contribuíram para que eu construísse uma imagem negativa das forças de segurança.

Costumo dizer em tom de brincadeira que um dia destes vou presa se me aparece um polícia idiota na rifa e se calha de eu estar em dia não. Porque eu sou uma cidadã que cumpre a lei e como tal exijo ser tratada com respeito e dignidade e isso inclui não ser agredida no meio na rua porque a polícia está com medo de meia dúzia de manifestantes. Porque o medo gera medo. E se a polícia tem medo, quem nos protege? Não quero ser protegida por gente fraca que acha que a violência é a solução. Isso pode ser o pensamento dos manifestantes, mas nunca, nunca da polícia.

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