7.10.19

Querido ex-something,

Está a chegar aquela altura do ano em que me lembro de ti.
Instalei o tinder só para ver se ainda lá estavas. Estás.
Sempre estiveste, nunca saiste.
Massacrei-me mais uma vez por não ser suficiente para ti. Nem para ninguém depois de ti.
Depois lembrei-me que pertences àquela raça de homens mentirosos e desonestos. Como o teu pai. The apple does not fall far from the tree.
Depois lembrei-me que até vestes isso com algum orgulho. És um mentiroso.
Mais vale sozinha...

27.8.19

Querido Blogue,

O problema de não por rótulos nas coisas é que ás vezes queremos açúcar e calha-nos sal. Ora o problema é que eu ontem me enganei no frasco e nem sequer sei o que pus dentro do tacho, logo nem sequer dá para remediar. E fiquei triste porque tinha investido um monte de tempo naquela refeição e agora estava estragada. E como não me apetecia investir mais tempo a tentar consertar aquela refeição decidi que o melhor mesmo era abrir uma dessas aplicações de entrega de refeições prontas ao domicílio. Era só percorrer e lista e escolher. Fácil. Tanta escolha. Temos tanta escolha que passamos mais tempo a seleccionar do que a aproveitar o que escolhemos. E é fácil descartar o que vai dar trabalho para escolher uma coisa rápida que nos mate a fome rápido. Mas já todos comemos aquele hamburguer cheio de calorias vazias e que nos dá fome ao fim de 1 hora. E dei por mim a pensar em como a ilusão de escolha e a facilidade de obter comida com um clique nos faz desistir do prazer de preparar uma boa refeição.
Este post nao é sobre refeições.

16.7.19

Querido blogue,

Vou a festivais de música desde os meus 17 anos. Quando comecei a ir a festivais, era a forma mais barata de termos acesso a um conjunto de bandas que de outra forma não passariam por Portugal, pois não fazia parte das tours da maioria das bandas. Há 17 anos atrás, também não havia esta facilidade em termos acesso aos albuns dos artistas que gostávamos. Os CDs eram caros, o youtube estava a dar os seus primeiros passos, o streaming era inimaginavel. Restavam-nos os CDs piratas e as músicas que demoravam 2 dias a descarregar de plataformas como o Napster e Emule, quando o acesso à internet ainda era feito através de um modem RDIS de 56k.
Quando comecei a ir a festivais de música, existiam duas opções de alimentação: pão com chouriço ou bifanas. Não havia máquinas multibanco no recinto e por isso iamos com o dinheiro contado, sendo que era preciso guardar algum para a viagem de regresso a casa. Não se vendia tabaco no recinto e às vezes a única forma era cravar um cigarro ao vizinho do lado. Havia um ou outro stand de marcas que patrocinavam o festival e que davam uns brindes. Se querias imortalizar o momento com uma foto não tinhas outra opção que não levar uma máquina fotográfica e às vezes as redes de telemóvel deixavam de funcionar por estar a sobrecarregar a antena local de comunicações. As pessoas iam ouvir a música e na terça-feira seguinte compravam o jornal blitz para verem as fotos e lerem as reviews. Mas o mais importante de tudo é que as pessoas que estavam ali, estavam ali para ver as suas bandas preferidas actuar. Em 17 anos o landscape dos festivais de música mudou muito. Mas as pessoas que os frequentam também mudaram. Hoje em dia o festival é um acontecimento social, é o evento cool do fim de semana. Vai-se para ver e ser visto. A música passou para segundo plano. Não importa o cartaz, importa aparecer. Vai-se conversar com os amigos e não para ouvir a música. Quando comecei a ir a festivais de música, levava-se a roupa mais podre que tivéssemos em casa, para poder apanhar banho de cerveja. Nos dias de hoje saem artigos sobre os "10 outfits mais cool para arrasares no festival" e trocou-se o eyeliner preto esborratado por glitter e coroas de flores. Sei que pareço um velho do restelo, mas cada vez tenho menos paciência para esta existência bacôca das redes sociais. A descarga de dopamina deixa de vir de cantar a plenos pulmões a música da nossa vida, mas do número de likes que a nossa foto gerou. E isso arruína a experiência de quem está ali pela música. E eu gostava muito que parassem de me arruinar os festivais.

9.1.19

2019

Amigos
Jantares
Gargalhadas
Turistar
Bebedeiras
Concertos
Rir
Praia
Homens e os seus dramas


7.1.19

Querido Blogue,

Dou comigo muitas vezes a pensar qual é o meu problema. E cheguei a duas conclusões. Nenhum dos problemas é de facil resolução, mas partilho aqui para quando precisar de voltar a esta reflexão.
Por um lado sou muito exigente com as pessoas com quem me relaciono. Há alguns valores universais pelos quais me guio e que exijo que quem me rodeia também os possua. Chamo a isto o meu compasso moral. Isto quer dizer que sou pura a impoluta? Ahahahah. Não. Vá-de retro! Não sou e jamais serei a madre Teresa de Calcutá. Isto faz com que vá eliminando pessoas da minha vida sempre que elas me mostram quem são na realidade. Tenho tolerância zero para racismo, homofobia, intolerância, egoismo, narcisismo, ignorância, hipocrisia e cinismo. E desculpas esfarrapadas também. Antes uma verdade dolorosa do que uma mentira piedosa. Sou má e fria e vou fazer call on your bullshit se achar que mereces. Não papo grupos. Isso faz com que eu caia no espectro das cold heart bitches.
Por outro lado não tenho espaço para acolher a partilha da minha vida com outra pessoa. Tenho 32 anos e vivo sozinha. Não me imagino a dividir o meu espaço com ninguém. Não imagino ninguém a mudar-se para aqui. Não é só pela falta de espaço fisico. É também uma coisa mental. Habituei-me a estar assim. A ser dona e senhora do meu nariz. A chegar quando quero. A sair quando quero. A ter todo o tempo do mundo e mais algum. A deixar a loiça suja no lava loiça. A não aspirar a casa se não me apetece. A decidir como e a quem dedico o meu tempo. A fazer planos de improviso e viver bem assim. Não me imagino a lavar a roupa suja de ninguém. Porque partilhar a vida com alguém é giro, mas há cuecas que precisam ser lavadas no fim do dia. E eu acho que não estou preparada para isso. E assim fica difícil arranjar espaço para encaixar outra pessoa na minha vida.