18.6.11

Querido Blogue,

imagina que gostas de sundae de morango. Imagina que gostas muito de sundae de morango. Imagina que aprendeste a gostar de sundae de morango porque sempre viste os teus pais a comer e aprendeste com eles a gostar de sundae de morango. Imagina que te habituaste a comer sundae de morango todos os verões. Mas com o tempo, tu e os teus pais, como bons apreciadores de sundae de morango que são, apercebem-se que ás vezes vão para saborear um belo sundae de morango e acabam a comer um sundae todo mole com acobertura azeda e que ainda por cima foi pago a peso de ouro. Imagina agora que os teus pais decidem comprar uma máquina de fazer sundaes e que agora já podes comer sundaes sempre que quiseres, sundaes de morango ou de outra coisa qualquer, mas agora finalmente já podes encher a barriga com uma coisa de qualidade. Imagina então que arranjas uma namorado que gosta tanto de sundaes de morango quanto tu. No início, começas por ir com o teu namorado comer sundaes fora de casa, em vez dos sundaes da máquina dos teus pais, por uma questão de respeito. Depois devagarinho começas a levar o teu namorado lá a casa, os teus pais passam a conhecê-lo melhor, mas ainda continuas a comer sundaes de fora, apesar de os teus pais saberem que os sundaes de fora ás vezes não prestam, mas tu preferes assim porque eles também nunca disponibilizaram a máquina deles para tu poderes comer um sundae com o teu namorado. Imagina que um dia destes tens ganas de ir comer um sundae dos bons com o teu namorado, mas que é caro. Então dizes aos teus pais que tens muita vontade de um sundae, mas que é tão caro e que os tempos são de crise e que eles bem podiam emprestar a máquina deles. Eles olham-te com desconfiança. O teu pai grunhe um: "não não posso emprestar a máquina" meio a sério, meio a brincar. E tu ficas naquela. Queres comer sundae e podias fazê-lo sem gastar dinheiro se os teus pais emprestassem a máquina de fazer sundades, o que, a bem dizer, não lhes vai dar despesa nenhuma e que a mim me dava um jeitão por todo o dinheiro que podia poupar. Por outro lado, uma pessoa também tem o seu orgulho, porque afinal sou filha deles e também tenho um bocadinho de direito de usar a máquina, mas se eles não querem fazer esse favor então vai-se comer fora e arruma-se o assunto definitivamente: acabaram-se os sundaes de máquina para mim. A partir de agora só como fora.

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