Corto o cabelo de 4 em 4 meses e a franja sou eu que a aparo em casa. O champô que uso é o que estiver em promoção no supermercado, o gel de banho idem, e quando o dinheiro está escasso, sabonete de glicerina. O meu creme de rosto custa pouco mais de sete euros e pode ser comprado em qualquer supermercado. Maquilhagem já usei mais, hoje em dia prefiro andar de cara lavada, com um ar mais natural. Uma vez por semana faço uma exfoliação de pele em casa. Sou eu que arranjo e pinto as minhas unhas tanto das mãos como dos pés. Uso vernizes risqué ou Andreia, que são dos mais baratos do mercado. Depilação sou eu que faço também, quando tenho tempo e paxorra uso a máquina, quando não tenho vai mesmo de gillette. O meu corpo vê creme hidratante aproximadamente duas vezes por semana, porque não tenho paciência para mais. Não tenho cuidado com o que como e não faço exercício físico, felizmente posso comer de tudo sem engordar. Para combater a celulite faço sexo. Compro as minhas roupas nas lojas low cost da especialidade, como H&M, Stradivarius, Zara, Pull and Bear. Uso calças de ganga 360 dias por ano. A minha wishlist coincide geralmente com a lista do supermercado, com excepção de uns RayBan Cats que ando a namorar desde Dezembro, porque óculos de sol não enchem a barriga a ninguém. Não stresso com o que não tem solução e deixo tudo sempre para fazer em cima do joelho. Uso roupa interior de algodão, de cores diferentes e não me chateio nada com isso e ele também não. Não vou a restaurantes fantásticos comer pratos fantásticos, não tenho amigos fantásticos, não uso roupas fantásticas, não faço viagens fantásticas, não idolatro malas nem sapatos que custam bem mais do que o ordenado mínimo e não uso cremes cujo preço dá para alimentar um pequeno país subdesenvolvido. E a coisa mais espantosa de todas é que sou feliz. Mesmo.
4 comentários:
You go girl!
Olha que já caí na asneira de me deixar levar por certos bitaites e já dei por mim a comprar creminhos de 50 euros para pôr nas fuças, quando o bom velho Nivea da latinha azul ainda é o melhor que anda por aí.
Já fiz cortes de cabelo no Tony & Guy e acabei por preferir a Ju Cabeleireira aqui na minha rua.
As minhas viagens, salvo uma ou outra, são sempre low cost, muitas das vezes ficando em pousadas e hostels a roçar o manhoso, mas como o que me interessa é o destino e não o sítio onde durmo, prefiro levar com os berros e apertos da RyanAir e fazer 5 transfers, mas estar num sítio giro a ir na Iberia para Benidorm.
Em suma: é muito bonito querer coisas. Ter coisas ainda é melhor. Mas não podemos achar que é nessas coisas que reside a chave.
A verdade é exactamente essa: não é por termos mais que somos mais felizes. Mas numa sociedade em que ter e parecer é extremamente valorizado, é difícil, manter a clareza de espírito para perceber o que é que interessa. Não uso cremes carissímos nem marcas XPTO, mas não deixo de ter bom aspecto por causa disso. Gosto de ter coisas, claro que gosto, só que a maior parte das vezes, não preciso assim tanto dessas coisas.
(E este post vai muito de encontro a um post que escreveste aqui à tempos sobre alhos e verniz:P)
As Carries (para não dizer antes Lili Caneças) desta vida teriam optado pelo verniz, tenho a certeza. ;)
Mas mesmo sendo uma nulidade culinária, ainda não cheguei ao ponto de não ter o que comer a ter objectos. Por muito que os objectos às vezes me dêem pequenas alegrias, não vêm em packs "compre isto. leve felicidade grátis".
Deveriam existir mais mulheres assim. Que encontram a felicidade no mais simples que a vida tem para oferecer.
E é nos sacrifícios que crescemos. A questão é se os encaramos como sacrifícios ou se nos divertimos pelo caminho.
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