Sábado estive na manifestação. A primeira em que participei (se não contarmos com as duas manifestações de professores a que acompanhei a minha mãe). A minha mãe, e o meu pai e a minha irmã acompanharam-me porque afinal esta manifestação acabou por ser mais do que a manifestação da geração à rasca. Tornou-se numa manifestação de protesto dos portugueses contra o estado a que este país chegou. Há quem diga que eramos 50 000, 80 000, 200 000 ou 300 000, não sei. Éramos muitos. Podíamos ter sido mais.
Dias antes da manifestação abordei alguns amigos e colegas de curso se teriam intenção de participar juntamente comigo. A resposta foi típica e digna de uma canção dos Deolinda: agora não que me dói a barriga, agora não que joga o Benfica, agora não que o meu pai não quer, agora não que falta um impresso, vão sem mim que eu vou lá ter... Típico. Aliás a pessoa que melhor feedback me deu, foi a pessoa que melhor está na vida, algo irónico não?
Mas eu fui. E fui porque acredito nas motivações que levaram a esta manifestação. Não sou da opinião que o estado tenha que criar trabalho para toda a gente, porque sinceramente não acredito que precisemos de 50 licenciados em literatura e estudos camonianos ou algo do género, mas acho que o estado e os políticos têm obrigação de fazer melhor e de garantir que quem trabalha e que e quem quer trabalhar o faz em boas condições e é devidamente remunerado por isso, sem ser explorado. Fui à manifestação porque estou contra todo e qualquer tipo de exploração, contra a precariedade, contra o uso e abuso dos recibos verdes, contra a falta de protecção social dos trabalhadores a recibos verdes, dos bolseiros de investigação, de mestrado e de doutoramento que trabalham muito e são muito pouco reconhecidos por isso - a investigação científica está pela hora da morte e ninguém pode ficar a viver a vida inteira na incerteza de vir a ter ou não uma bolsa no ano seguinte.
Já aqui disse que nunca tive tão pouca esperança o futuro, mas no sábado assisti a algo fantástico que gostava sinceramente que não se traduzisse no completo esvaziamento e não-inscrição por parte de quem tem poder para fazer algo e mudar isto. O povo esteve na rua. Deve querer dizer algo, não?
2 comentários:
Quer dizer que há indignação...o que muitas vezes é motivo para levar a cabo uma revolução.
Foi sem dúvida o início de algo, que eu gostava muito que não ficasse por aqui.
Enviar um comentário