31.3.11

Querido Blogue,

Podia falar do meu novo baton, ou do creme hidratante que comprei ontem. Podia falar das compras que fiz nas promoções da H&M. Podia falar do meu novo estágio e do contrato que assinei ontem (yey!). Podia falar do estado miserável em que se encontra este país. Podia falar do sol e do calor e da primavera e de como estou feliz por estar bom tempo. Podia, mas não me apetece. Sinto assim uma espécie de vazio que me tira a vontade de fazer seja o que for. Estou triste. Uma tristeza que não é minha mas não consigo estar feliz quando não posso partilhar essa felicidade com o meu namorado porque ele está a travessar um período difícil neste momento e eu pouco ou nada posso fazer para o ajudar. É que nem apoio moral posso dar em condições a 300 km de distância. Fico frustrada por não poder fazer nada, por ele ter de passar por isto, porque é injusto, é tão injusto e ele não merece. Fico revoltada por estas coisas acontecerem, por vê-lo por a hipótese de desistir do sonho dele, de tudo aquilo porque lutou nos últimos 3 anos e continua a lutar, mas às vezes não dá, um gajo não é de ferro e lutar constantemente contra o mundo é frustrante e tira a energia de viver a qualquer um. E por solidariedade a mim também.

28.3.11

Querido Blogue,

ando sem paxorra. Preciso de uns sapatos que não encontro em lado nenhum. Preciso de roupa para trabalhar que não gosto de vestir. Estou em plena crise de tpm e dou graças aos anjinhos por não ter começado a trabalhar esta semana, porque acho que me mandavam direitinha para casa sem hipótese de voltar. As minhas hormonas estão descontroladas e eu nem a mim me posso aturar. Vale que esteve cá o homem ontem senão acho que cortava os pulsos na banheira. Humpf.

24.3.11

Querido Blogue,

e quem é que amanha vai acordar ás 6 da matina para ir ao centro de emprego? Oh joy. É a conjugação perfeita de tudo o que me apetece para a minha sexta feira: acordar as 6 da manha e ir ao centro de emprego. Ah e sem esquecer a greve dos comboios. Ainda dizem que a malta não se esforça para arranjar emprego...dass!

Querido Blogue,

pois que estamos em crise, mas a mim só me apetece gastar dinheiro. Não posso, sei que não posso, mas sonhar não custa e só por causa das coisas vou ali jogar no euromilhões. 130 milhões... Nem precisava ser todo para mim. Sei lá, acho que só com 1 milhãozito fazia a festa.

Querido Blogue,

e pois que agora vou ali aquecer o saquinho de água quente para por no pescoço a ver se a coisa melhora. Com a vossa licença me retiro.
Até amanha.

Querido Blogue,

o governo caiu e desengane-se quem pensa que é agora que as coisas vão melhorar. Temos um PM demissionário, um PR patético e inexistente e uma oposição inconsciente num país que precisa urgentemente de estabilidade. Esperança ao fundo do túnel, não vejo. Vejo um país e uma geração com o futuro completamente hipotecado.

22.3.11

Querido Blogue,

uma pessoa esforça-se, quer ser saudável, quer ficar em forma e o que é que recebe em troca desse esforço: um torcicolo. Um torcicolo daqueles em grande e em bom que me deixam de cama e cheia de dores. Ninguém merece.

21.3.11

Querido Blogue,

como sempre fui magra nunca precisei de me preocupar com o que comia nem de ter grandes cuidados com o meu corpo. Também nunca fui pessoa de fazer exercício físico e o fim das aulas de educação física foram para mim uma autêntica bênção. O esforço, o suor, as dores, não são coisas com as quais eu me dê bem. Sempre fui completamente sedentária e desde os meus 18 anos que o máximo de exercício que fiz foi correr para o comboio. Sempre me considerei uma pessoa saudável e como a minha silhueta nunca me inspirou muitos cuidados nunca consegui perceber o objectivo de me enfiar no ginásio a cansar o corpo. Nem o maluquinho do exercício físico que é o meu namorado me conseguiu convencer a ir com ele e o meu exercício preferido continuou a ser fazer zapping no sofá.
Apesar de magra, sempre tive alguns complexos com o meu corpo que não incluíam celulite, ou flacidez, ou partes moles e gelatinosas. Até que por esta altura no ano passado apanhei um susto enquanto experimentava roupa num provador. A celulite tinha tomado conta das minhas coxas e o meu traseiro, que um dia fora rijo, estava mais mole que gelatina em dias de calor. Convenci-me que pouco ou nada poderia fazer contra o facto de o meu corpo já não ser o que era e resignei-me a continuar no sofá. 
Feliz ou infelizmente começou a crescer em mim um certo incómodo com o que se passava ali nas minhas pernas e não sei se inspirada pelo The Biggest Looser, se por outra coisa qualquer comecei a convencer-me que ficar no sofá talvez não fosse a solução. Comecei a procurar planos de treino e a ideia de frequentar um ginásio deixou de parecer tão descabida. Resolvi que assim que arranjasse um emprego iria inscrever-me num ginásio e que até lá podia dar umas corridinhas aqui pelo bairro. Depois a preguiça voltou e achei que para correr precisava de uns ténis XPTO que fossem adequados para correr. É verdade que preciso e que devia usar uns, mas depois de mais umas semanas a anhar no sofá, caí em mim e percebi que os ténis eram só mais uma das minhas desculpas. 
Hoje comecei o meu treino. Fiz o aquecimento e lá fui eu. A ideia era começar com uma marcha acelerada e depois começar a corrida bem devagarinho. Devo dizer que estou em pior forma do que aquilo que achava. Dez minutos em marcha rápida e estava literalmente K.O. Fiz os alongamentos e voltei para casa. Não foi o começo que eu achava que ia ser mas foi um começo. Amanha há mais. Entretanto, tenho a certeza que logo à noitinha dormirei como um bebé.

Querido Blogue,

não consigo deixar de me sentir hipócrita sempre que aceito com alegria o dinheiro que a minha avó me dá.

19.3.11

Querido Blogue,

neste belo fim de semana de sol do qual poderia desfrutar alegremente passeando por esse país,  irei visitar a minha rica avózinha que é só a pessoa mais má e mais ruim que alguma vez conheci na minha vida. Ninguém merece, mas cada vez me convenço que estou a pagar por algo muito mau que devo ter feito numa vida anterior.

16.3.11

Querido Blogue,

here we go again. Eu e os sapatos. Se calhar devia criar uma rubrica com este nome. Não, não tenho nenhum fetiche de adoração por sapatos, ao contrário de 99.9% do resto das mulheres. Eu sofro dos pés. Eu sofro muito dos pés. Não, não sofro de mau cheiro ou outras coisas desagradáveis e/ou nojentas. Eu sofro dos pés porque tenho uns pés delicados, sensíveis. Qualquer sapato mais duro, mais desconfortável é coisa para me por os pés em fanicos. Aliás tenho para mim que a cinderela devia ter cascos no lugar dos pés, porque se tivesse uns pés como os meus nunca conseguido dar dois passos naqueles sapatos de cristal quanto mais dançar uma valsa. 
Neste momento encontro-me em missão impossível - encontrar os sapatos ideais. Preciso de uns sapatos sóbrios, elegantes e bonitos, sem abertura à frente que o dedão não precisa de arejar, confortáveis, que não me deêm cabo dos pés, e com um salto com menos de 7 cm. Começo a perder a esperança.

15.3.11

Querido Blogue,

se eu for ao blog de uma dessas pseudo-fechionistas portuguesas que andam por aí e disser tão educadamente quanto me for possível que a acho ridícula bem como ao respectivo blog, será que isso faz me mim má pessoa?

Querido Blogue,

Não gosto quando me ligam de associações que eu nunca ouvi falar na vida a contar casos de meninos e meninas que eu nem sei se existem a pedir donativos. Ou quando me ligam a oferecer prémios que depois tenho de ir levantar numa sala fechada a sete chaves e de onde só me deixam sair depois de comparar um colchão por 5000€. E ainda gosto menos quando eu digo educadamente que não estou disponível para contribuir ou que não estou interessada e a pessoa que está do outro lado se torna agressiva e mal educada. Uma vez fui insultada por alguém que queria que eu fosse fazer um rastreio ao avc e eu disse que cá em casa as pessoas quando queriam fazer análises iam ao médico. Normalmente ignoro e desligo o telefone. Mas há dias em que fico irritada e aí não me controlo e a boa educação vai-se num instante. Aí a gaja do guetto que há em mim salta cá para fora e não é bonito de se ver.

14.3.11

Querido Blogue,

Sábado estive na manifestação. A primeira em que participei (se não contarmos com as duas manifestações de professores a que acompanhei a minha mãe). A minha mãe, e o meu pai e a minha irmã acompanharam-me porque afinal esta manifestação acabou por ser mais do que a manifestação da geração à rasca. Tornou-se numa manifestação de protesto dos portugueses contra o estado a que este país chegou. Há quem diga que eramos 50 000, 80 000, 200 000 ou 300 000, não sei. Éramos muitos. Podíamos ter sido mais.

Dias antes da manifestação abordei alguns amigos e colegas de curso se teriam intenção de participar juntamente comigo. A resposta foi típica e digna de uma canção dos Deolinda: agora não que me dói a barriga, agora não que joga o Benfica, agora não que o meu pai não quer, agora não que falta um impresso, vão sem mim que eu vou lá ter... Típico. Aliás a pessoa que melhor feedback me deu, foi a pessoa que melhor está na vida, algo irónico não?

Mas eu fui. E fui porque acredito nas motivações que levaram a esta manifestação. Não sou da opinião que o estado tenha que criar trabalho para toda a gente, porque sinceramente não acredito que precisemos de 50 licenciados em literatura e estudos camonianos ou algo do género, mas acho que o estado e os políticos têm obrigação de fazer melhor e de garantir que quem trabalha e que e quem quer trabalhar o faz em boas condições e é devidamente remunerado por isso, sem ser explorado. Fui à manifestação porque estou contra todo e qualquer tipo de exploração, contra a precariedade, contra o uso e abuso dos recibos verdes, contra a falta de protecção social dos trabalhadores a recibos verdes, dos bolseiros de investigação, de mestrado e de doutoramento que trabalham muito e são muito pouco reconhecidos por isso - a investigação científica está pela hora da morte e ninguém pode ficar a viver a vida inteira na incerteza de vir a ter ou não uma bolsa no ano seguinte.
Já aqui disse que nunca tive tão pouca esperança o futuro, mas no sábado assisti a algo fantástico que gostava sinceramente que não se traduzisse no completo esvaziamento e não-inscrição por parte de quem tem poder para fazer algo e mudar isto. O povo esteve na rua. Deve querer dizer algo, não?

10.3.11

Querido Blogue,

deixei-te ao abandono. Nada de notável se passou para que tal tenha acontecido, mas a verdade é que consegui juntar na mesma semana, o carnaval (que detesto), o meu aniversário (que não aprecio por aí além) e a maior crise de TPM desde que há memória e como a situação era potencialmente explosiva, nada melhor que tirar uns dias e mudar de cenário. Ainda sem grande vontade, mas acho que aos bocadinhos vou estando de volta.